[SP-pm] Catalyst no Brasil eq "sonho"?

Luis Motta Campos luismottacampos em yahoo.co.uk
Segunda Abril 23 00:30:40 PDT 2007


On Apr 20, 2007, at 7:31 PM, Lorn wrote:
> Rau!
> Estava lendo a lista do Catalyst hoje, e pessoas e mais pessoas  
> mandando URL de portais que fez com o Catalyst, elogiando, etc, etc
> Essas pessoas eram todas da Europa, como eles conseguem convencer  
> seus chefes, e etc, a usar uma coisa tão nova? que não está na moda  
> e talz, até RoR que está na moda, não é tão utilizado no Brasil,  
> alguém tem ideia? Champs? pessoal Perl que está em Portugual? hehe

   Não empurram.
   Ao contrário do Brazil, os gestores europeus não se metem em  
decisões técnicas. Aqui na Holanda o pessoal senta todo mundo junto e  
discute. Eles propõem soluções, discutem, debatem, explicam e  
perguntam até o assunto se exaurir. Aí, entra o gestor, fazendo o  
papel dele: coleta todas as informações, põe racionalmente tudo numa  
tabela e toma a decisão que acha mais acertada, baseada nas  
informações oferecidas pelos desenvolvedores.

   Resultado: mais abertura para tecnologias novas e rendimento maior.

   Mas é simples ver que isso é uma questão cultural, não vinculada  
com o comportamento profissional, mas sim com a sociedade. O pessoal  
aqui faz exatamente a mesma coisa para resolver qualquer tipo de  
problema: eles sentam, discutem exaustivamente, e depois a pessoa com  
poder de decisão coleta todas as informações, constrói uma tabela  
demonstrativa e "escolhe" a melhor alternativa proposta, racionalmente.

   Já o Otávio mencionou em outra mensagem deste thread que o Brazil  
vive de "defender posições": os profissionais acham que vão ser  
atirados na rua, tem preguiça de se desenvolver, de estudar e de  
melhorar. Ninguém está realmente interessado em aprender nada. E as  
empresas acham que o funcionário tem de "vestir a camisa" para dar  
lucro para a empresa, não para resolver os problemas dela (ou os  
dele). Nunca vi uma empresa no Brazil acolher propostas de  
funcionários e reconhecer o valor da proposta (compensando o  
funcionário).

   A última vez que eu fui demitido de uma empresa, em agosto de  
2004, no início da reunião em que eu soube que seria dispensado a  
conversa começou assim: "O projeto NetF em x foi cancelado, e a gente  
vai demitir você. Claro, se você trouxer outro projeto para a  
empresa, a gente pode considerar te manter..." Claro, a minha vontade  
era bater no meu ex-chefe, por que a cara-de-pau era muito grande.

   Mas muitos anos mais tarde eu descobri que a cara-de-pau dele é  
uma coisa involuntária e cultural. Ele não fez de propósito, de certa  
maneira. A empresa me achava um coitado que dependia da empresa para  
sobreviver. Ele refletia isso, apenas. Não considero o sujeito mau- 
caráter. É um bom homem, mas não consegue ver a porta de saída do  
ciclo vicioso de explorar para não ser explorado...

   Para arrematar a história, eles passaram maus bocados aquela  
semana, já que eu arrumei um emprego 16 horas depois de ser demitido,  
e saí da empresa sem cumprir o aviso prévio (que eles tencionavam  
utilizar para transmitir o conhecimento que eu tinha sobre os  
sistemas que a empresa usava para outros funcionários).

   Taí meus 4 centavos... ;-)
   Putamplexos!
--
Luis Motta Campos (a.k.a. Monsieur Champs) is a software engineer,
Perl fanatic evangelist, and amateur {cook, photographer}




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