[SP-pm] A Idade da Pedra do Empresariado Paulistano [Was: Catalyst, alguém?]
Luis Motta Campos
luismottacampos em yahoo.co.uk
Segunda Abril 23 00:09:46 PDT 2007
On Apr 20, 2007, at 7:25 PM, Eden Cardim wrote:
> On 4/20/07, Solli Honorio <shonorio em gmail.com> wrote:
>> Precisamos criar uma maneira de tirar o Catalyst do gueto Perl e
>> colocar na
>> mídia, alguém tem alguma idéia ?
>
> Pergunta difícil... Eu acho que um bom começo seria dentro da própria
> comunidade perl, não só com Catalyst, mas com as tecnologias mais
> recentes, em geral. Isso por si só já é difícil, o problema é que a
> maioria dos profissionais capacitados em Perl estão ocupados demais
> com seus projetos individuais (os quais põem acomida e bebida na mesa)
> para se organizarem em torno de uma "reciclagem tecnológica" coletiva
> sem ter nenhum retorno objetivo e direto. Esse é o ponto chave na
> minha opinião: quando se fala "precisamos fazer alguma coisa..." de
> *quem* estamos falando? *quem* vai ganhar o *quê* com isso e *quando*?
Boa pergunta. Eu não posso me qualificar por razões geográficas.
Mas posso tentar ajudar com outras coisas.
> O Catalyst é bastante usado e bem divulgado na europa, porque a
> comunidade de desenvolvedores é de lá e eles vivem de fornecer
> consultoria e serviços na área. Eles conseguem obter resultados
> diretos através do esforço de divulgação. O nosso caso é bem
> diferente, a divulgação da tecnologia que usamos é mais como um hobby
> do que um meio de viver, por isso, todos tem a tendência de não levar
> a coisa muito a sério. Se conseguirmos uma forma de nos organizarmos
> em torno das ideias que temos e conseguirmos resultados objetivos e
> diretos com isso, não tem porque não dar certo. Claro que isso tudo é
> só o que eu acho, não necessariamente a verdade.
Na verdade, o problema é um pouco diferente.
Catalyst na europa não é bem um "meio de vida". O pessoal aqui
trabalha com isso, e ganha dinheiro do Parlamento Europeu (direta e
indiretamente) para desenvolver tecnologia open-source. Esta é uma
das fontes de renda da Perl Foundation, e também da Fundação
YAPC::Europe, as duas maiores patrocinadoras do desenvolvimento open-
source em Perl na Europa.
Claro, no Brazil nenhuma empresa patrocina projetos ou produtos
que eles não vejam como "deles" para fazer o que quiser; os
benefícios fiscais são ínfimos, e o governo local não estimula este
tipo de atitude. Pesquisa e desenvolvimento, no Brazil, está 100%
vinculado com uma universidade, e eles são péssimos no quesito
"dinheiro".
As empresas brazileiras ainda vivem na Idade da Pedra, lutando
para proteger o código fonte do "produto" (que na verdade, deveria
ser enxergado como "serviço" e ter valor agregado), e isso retarda o
avanço tecnológico sobremaneira.
Além disso, os "hobbistas" europeus tem, em média 4 horas livres a
mais por dia do que os sul-americanos: o trânsito aqui é uma piada,
para os nossos padrões, e o pessoal não fica nem um minuto a mais do
que o necessário no trabalho (e os supervisores fazem questão de
colocar todo mundo na rua no horário sempre que possível).
A atitude diferente das empresas e das pessoas facilita a
divulgação e o uso de software livre.
Software livre é também qualidade de vida.
Putamplexos reflexivos...
--
Luis Motta Campos (a.k.a. Monsieur Champs) is a software engineer,
Perl fanatic evangelist, and amateur {cook, photographer}
Mais detalhes sobre a lista de discussão SaoPaulo-pm