Re: [Cascavel-pm] Porque o Perl é de certa forma esquecido no Brasil?

Nilson Santos Figueiredo Junior acid06 em gmail.com
Terça Fevereiro 21 08:56:21 PST 2006


On 2/21/06, Breno G. de Oliveira <breno em clavis.com.br> wrote:
> Eu sou um dos que menos concorda com a idéia de que falta uma grande
> empresa por trás do Perl, mas veja só: um programador acostumado com a
> boa e velha sintaxe de C e Pascal de repente vê uma empresa como a Sun,
> que ele confia há anos, dizendo pra ele: "essa minha linguagem aqui eu
> garanto que é boa, e vai trazer pra vc todas as vantagens da programação
> orientada a objetos aliada a portabilidade e funcionalidades web! E
> mais, é suficientemente parecida com as linguagens que vc já sabe, então
> sua curva de aprendizado será menor (o que não necessariamente é
> verdade, mas é o que eles ouvem). Que tal? Todo mundo já está se
> adaptando. Vcs estão prontos para o futuro?". O mesmo discurso vale para
> um gerente de projetos.
>
> Daí vem um aluno (da universidade) ou estagiário (da empresa) e diz:
> "tem uma linguagem legal que dá pra fazer um monte de coisa! quer ver?"
> e quando o chefe/professor finalmente tem a paciência para ver (quando
> tem), o guri mostra logo todas as coisas legais como oneliners que
> codificam e decodificam em RSA, o "camel code", e talvez até alguns
> golfes ou obfu's. "Legal, mas isso é coisa de doido, não dá pra levar a
> sério!" é o que a maioria pensaria se fosse pego com essa abordagem. A
> primeira impressão é a que fica, e infelizmente EMHO os programadores
> Perl ficam tão entusiasmados com as possibilidades que o Perl te dá que
> acabam mostrando a exceção (golfe, obfu's, etc) e não a regra (programas
> limpos, vantagens da linguagem sobre outras, poder, OO, modularidade,
> CPAN, etc). Por mais ansiosos que fiquemos em mostrar todas as coisas
> legais que a linguagem pode fazer, EMHO isso é coisa para fuçadores e
> não faz propaganda positiva para gerentes de projetos e professores
> universitários, e acaba dando ao Perl a má fama que tem hoje.
> Pelamordedeus, não achem que eu quero acabar com obfu's, golfe ou
> one-liners, muito pelo contrário!!! Eles são boa parte da diversão do
> Perl e da comunidade, e são os melhores exemplos de poder e
> flexibilidade da mesma. Só não são o melhor exemplo para professores
> (preocupados com clareza, estrutura, etc) e gerentes (preocupados com
> escalabilidade e modularidade, etc). EMHO o que falta é uma boa
> propaganda para essas pessoas (pq, como o próprio Dave Cross costuma
> brincar, "Perl não precisa ir atrás de programadores: bons programadores
> cedo ou tarde encontram o Perl" ;)

Eu não sei como você pode menos concordar com a idéai de que falta uma
empresa por trás de Perl e escrever esses trechos, com os quais eu
concordo 100% - com exceção da primeira frase. ;-)

Isso realmente é um problema e eu mesmo já fiz isso. Mais de uma vez.
Quando fui mostrar a linguagem pra alguém, fui mostrar somente os
recursos mais "legais". E isso assusta as pessoas. Hoje em dia, eu
tento mostrar o Catalyst ao invés de closures, manipulação de symbol
table e one-liners.

> Curiosamente, em outro texto (gh.html), o Paul Graham diz o seguinte:
>
> "(statistics about) Java being the most popular language can be
> misleading. What we ought to look at, if we want to know what tools are
> best, is what hackers choose when they can choose freely-- that is, in
> projects of their own. When you ask that question, you find that open
> source operating systems already have a dominant market share, and the
> number one language is probably Perl."

Na verdade, eu recomendo a todo mundo a ler as coisas do Paul Graham e
do Joel (do Joel on Software). Eles são dois caras espetaculares.

-Nilson Santos F. Jr.


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