[Rio-pm] Perl em desuso??

Alexei Znamensky russoz em gmail.com
Quarta Abril 25 10:18:02 PDT 2012


Eu estava de camarote nessa história inteira, mas quero acrescentar uma
informação aqui, que tem a ver com algo que tem estado na minha cabeça já
há algum tempo.

2012/4/25 breno <breno em rio.pm.org>
[...]

> Ao meu ver, a falta de mão de obra especializada para arquitetura e
> desenvolvimento de software no Brasil afeta não só Perl, mas grande
> parte das linguagens de programação dinâmicas como Python e Ruby. Ou
> tá faltando gente ou empresas e desenvolvedores não estão conseguindo
> se encontrar. Analogamente, vejo também muita gente procurando
> soluções prontas (Drupal, Wordpress) para fazer suas startups, o que
> me leva a pensar: "programadores estão em desuso?"
>

Ontem, na fila de esperar para vacina a minha baixinha, tinha uma TV ligada
passando - acho - o Bom Dia Brasil, e deu uma notícia de que os bancos
estão tendo dificuldades em contratar... caixas. Por quê? Obviamente a
função de caixa não é exatamente uma função ilustre na hierarquia de um
banco e com certeza é menos bem remunerada, então é natural que eles
contratem pessoas mais novas e menos experientes para isso. Eles estão
tendo uma grande dificultade de encontrar pessoas nesse perfil de
idade/experiência que consigam dar o troco certo. As pessoas estão
esquecendo como calcular.

Eu acho que que a resposta a sua pergunta, Garu, a longo prazo, é: SIM,
obviamente. As coisas mais complicadas tendem a ficar sempre escondidas
atrás de alguma interface (em uma definição bem ampla e genérica), e a
tecnologia que foi utilizada antes acaba ficando segregada ou sumindo.
Ninguém aqui nesta lista saberia programar um ENIAC hoje. A trinta anos
atrás não existia "IDE", não havia debugadores integrados, etc.
Eventualmente, programação as we know it irá sumir, ou ficar escondida
atrás de diagramas bonitinhos que você só desenha, liga as caixinhas,
configura alguns parâmetros (quando muito), e a coisa toda funciona. Algo
nessa linha já existe hoje, e eu até trabalho com isso, mas ainda é algo
caro e não popularizado. Ainda. Me parece óbvio que soluções prontas que
não precisem de programação farão mais sucesso que soluções que envolvem
programação intensiva. Não acho que isso irá acontecer tão rápido (além de
ser muito mais complicado do que pode parecer em princípio, existem
diversos fatores de resistência das próprias pessoas), mas não acho que
isso possa ser evitado: é apenas uma questão de tempo até que o padrão seja
"não programar".

O outro lado dessa moeda, ainda que causado por muitos outros fatores
atuando em conjunto (a simplificação de "interfaces" não será o bode
expiatório, principalmente no nosso país), é que está havendo uma
imbecilização em massa das pessoas, leia-se das gerações mais novas. Mídia
de massa, máquinas de propaganda, divulgação das bundas e depreciação do
pensamento, enfim, a lista é extensa. As crianças de hoje (entenda-se: a
maioria delas, não os casos de exceção que eu tenho certeza que serão
vários nesta comunidade) estão sendo ensinadas a não pensar, a não sentir,
e a não se respeitarem. Eu digo em várias ocasiões: "os idiotas são em
maior número e eles se multiplicam em maior velocidade". Infelizmente eu
acho que isso está se confirmando cada vez mais. Não tenho uma solução
mágica, ou mesmo não-mágica, para reverter ou mudar isso. Mas eu tenho
certeza de uma coisa: o caminho passa pela Educação.

Voltando à pergunta do Garu, sim, estão em desuso a longo prazo, mas o
problema mais emergencial agora é que os cérebros estão em desuso.

my $two_cents;

-- 
Alexei "RUSSOZ" Znamensky | russoz EM gmail com | http://russoz.org
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