[Cascavel-pm] Sistema de Login

Otávio Fernandes otaviof em gmail.com
Terça Setembro 1 06:32:17 PDT 2009


2009/9/1 Nilson Santos Figueiredo Jr. <acid06 em gmail.com>:
> 2009/8/31 Eden Cardim <edencardim em gmail.com>:
>> Não estou sendo xiita, estou sendo científico, e ciência
>> necessariamente requer pesquisa e experimentação. "Inovação", por
>> definição, envolve criar algo que ainda não existe, e a chance de você
>> conseguir criar algo que já não exista sem conhecer as coisas
>> existentes é bastante remota. Uma coisa é você não querer usar uma
>> solução existente porque ela não se adequa a sua necessidade, outra é
>> não usar por motivos arbitrários e infundados. Posso estar errado, mas
>> ver uma solução funcionando é o melhor caminho para se aprender a
>> construir uma solução melhor. Até onde eu sei, todas as inovações
>> tecnológicas, científicas e até artísticas são
>> evoluções/transformações de soluções anteriores. Particularmente,
>> imagino que vencer obstáculos e criar novos níveis de especialização
>> faz parte da inovação tecnológica. Afinal de contas, ninguém escreve
>> mais seus próprios device drivers ou compiladores, porque isso é um
>> problema ultrapassado, hoje em dia, as pessoas podem focar em criar
>> coisas mais úteis, não ficar re-resolvendo o mesmo problema
>> eternamente. Então, na minha opinião, acontece exatamente o contrário:
>> conhecer as soluções existentes favorece a inovação.
>
> De fato, você está correto. Ninguém (competente) começa a criar nada
> novo sem estudar a fundo o que já existes. Com isso você consegue ver
> os pontos fortes e fracos e, com sorte e esforço, consegue criar algo
> melhor no final das contas.
>
> Mas existem milhares de pessoas escrevendo device drivers e compiladores por aí.
>
> Aliás, a pesquisa em compiladores é um dos ramos mais promissores
> atualmente na Ciência da Computação, graças ao surgimento das novas
> arquiteturas. Problemas que antes eram intratáveis sem ter um
> super-computador, hoje podem ser resolvidos na sua casa, utilizando a
> sua GPU. Uma das grandes frentes de pesquisa atualmente é desenvolver
> compiladores que consigam fazer uso destes recursos. Essa pesquisa é
> desenvolvida na nVidia, com o CUDA, para qualquer tipo de programação
> para PlayStation 3 ou dos Blades da IBM, por causa do Cell e pela
> própria Intel com sua arquitetura Larrabee.
>
> Em geral, existem dois tipos de inovações tecnológicas: as
> incrementais e as do tipo "degrau".
>
> Voltando ao exemplo anterior de processadores, estes vem seguindo uma
> evolução incremental faz muito tempo. Aumentam a freqüência, número de
> instruções por ciclo, quando não conseguiam mais tirar leite disso,
> começar com o multi-core. Essas foram todas evoluções incrementais.
> Com o advento das GPGPUs você teve uma evolução do tipo degrau: de uma
> hora pra outra, você tem programas que rodam de 100 a 1000 vezes mais
> rápido - mas tudo tem de ser feito diferente, tudo é novo.
>
> Eu me lembro que alguns anos atrás algumas pessoas começaram com a
> idéia de escrever programas não relacionados com aplicações gráficas
> em "shader language", a linguagem utilizada para programar um tipo de
> efeitos visuais em jogos. As implementações eram trabalhosas,
> não-intuitivas, difíceis de entender e muitas vezes eram simplesmente
> ruins. Eles faziam isso porque acreditavam que a GPU poderia ser
> utilizada como uma engine de processamento vetorial genérica, que ela
> servia pra mais coisa além de jogos e processamento gráfico em geral.
>
> Se ninguém tivesse feito essa reinvenção da roda, isso não teria acontecido.
>
> É similar a abrir uma empresa de software. Com uma carteira de
> clientes, não é tão difícil assim progredir e crescer uma empresa que
> faz software sob encomenda. No primeiro ano você começa faturando
> 200mil, cresce pra 300mil no segundo ano, 450mil no terceiro, mantendo
> um crescimento de 50% ao ano (*bem* considerável), em dez anos vai
> estar faturando 11 milhões. Parece a descrição de um case de sucesso
> na área e os fundadores se tornaram milhonários.
>
> Mas considere isso: os criadores do Skype venderam a sua empresa pro
> eBay por alguns bilhões de dólares depois de quanto tempo? Uns 3 anos?
> Qual o valor de mercado atual do Facebook? Lembre-se que o Facebook
> surgiu numa situação já dominada pelo MySpace e o Friendster (ou seja,
> reinventou triplamente a roda).
>
> Então o conselho prudente é "não reinventar a roda" porque 95% das
> pessoas que tentam fazer isso acabam se queimando. Existiram
> provavelmente centenas de outras redes sociais que surgiram antes, na
> mesma época ou depois do Facebook que não deram certo.
>
> De fato, em qualquer área com uma alta recompensa proporcional, pelo
> menos uns 95% dos que tentam acabam se queimando ou não chegando a
> lugar nenhum (na melhor das hipóteses). Ciência, empreendedorismo,
> futebol, artes visuais, até mesmo poker... e a lista continua.
>
> O conselho prudente é útil para garantir que a carruagem continue
> andando. Por outro lado, Mas aquela pequena fatia de 5% dos que não
> seguiram o conselho prudente e que não se queimaram foram os que
> trabalharam para que não andemos mais de carruagem nos dias de hoje.
> E, para que isso aconteça, infelizmente precisamos que os outros 95%
> se queimem.
>
> Eu poderia continuar fazendo uma analogia sobre como isso se assemelha
> com a seleção natural mas eu vou parar por aqui, já são 1:45 da manhã
> e eu duvido que vai ter gente que vai ler isso até este ponto. ;-)
>
> O ponto final é que reinventar a roda é válido caso as seguintes
> considerações forem verdadeiras:
>
> 1) O que existe atualmente não é a solução ótima para o seu problema
> 2) Você entende os riscos e as conseqüências de reinventar a roda
> 3) Você sabe em que ponto está (mas não necessariamente para onde está indo)
>
> -Nilson Santos F. Jr.
> _______________________________________________
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>

Nilson,

Eu concordo com os pontos de vista do Eden, no qual a possibilidade de
reescrever algo que ainda não existe é praticamente nula. Porem,
existe outras formas de obter o que você deseja sem reinventar _tudo_,
você pode simplesmente ver os projetos na CPAN que são próximos do que
você deseja, e começar a contribuir dando um segundo ponto de vista
para o autor, caso ele não aceite, fork-it... É mais inteligente do
que começar algo do zero, e atinge o seu objetivo.

Meus dois centavos.

P.S.: Faltou citar os milhares de casos que tentaram reinventar a roda
e faliram rapidamente.

-- 
Otávio Fernandes <otaviof at gmail.com>
http://otaviof.blogspot.com/


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