[Cascavel-pm] [OT] Contratação PJ (Was um monte de coisa off-topic)
Luis Motta Campos
luismottacampos em yahoo.co.uk
Quinta Julho 12 03:10:48 PDT 2007
On Jul 11, 2007, at 1:32 AM, Nilson Santos Figueiredo Junior wrote:
> On 7/10/07, Luis Motta Campos <luismottacampos em yahoo.co.uk> wrote:
>> São os chamados "Acidentes em Trânsito". Eles são responsáveis por
>> boa parte dos acidentes de trabalho de operários da construção
>> civil em
>> São Paulo.
>
> Mas eles têm direito à mesma indenização que teriam se, por exemplo,
> caíssem de um prédio em construção?
Isso funciona exatamente assim. Não faz diferença, do ponto de
vista legal, morrer atropelado na frente de casa, no horário de sair
para o trabalho, ou morrer caindo do prédio. É acidente de trabalho
fatal, sob a responsabilidade do empregador. Isso eu sei que vale sob
a CLT, deve valer para outras formas de contratação, mas é preciso se
informar para os casos específicos.
>> Cortar pessoal para reduzir custos e "continuar no negócio" é, na
>> minha opinião, sinal claro de falta de visão do mercado onde você
>> atua e
>> falta gravíssima de tato comercial. Mas isto, é claro, é apenas a
>> minha
>> opinião.
>
> Pra chutar um número, eu diria que em uns 75% dos casos você tenha
> razão. Mas existem casos em que é justificada a demissão. É só você
> pensar no caso em que uma grande empresa com diversas fábricas está
> vendendo apenas uma delas, sendo que a fábrica não era uma empresa à
> parte. Acredito que nesse caso todos os funcionários terão de ser
> recontratados.
Sim, mas isso não está muito bem enquadrado em "redução de
custos", que era a premissa básica. Os custos de transferência de mão
de obra deveriam ter sido negociados junto com a fábrica - ou a
empresa está efetivamente perdendo dinheiro por má gestão de recursos
de terceiros, o que, no Brazil, é crime previsto na legisgação civil.
Além disso, aqui (por causa da continuidade da fábrica) existe a
possibilidade de acontecer acordo, e os custos de demissão serão
muito menores. Mas isso não é fácil de negociar, e precisa ser muito
bem explicadinho. Coisa que os gestores brazileiros normalmente não
gostam de fazer - dar expliações expõe a incompetência dos que não
sabem do que estão falando.
> Um outro caso de sucesso foi a operação feita pela
> Siemens na Alemanha nos últimos anos.
Eu não li nada sobre isso.
Você tem uma referência?
De qualquer forma, eu também não acredito que o objetivo da
Siemens era "cortar custos para continuar no negócio" - o que, se eu
bem me lembro, era premissa básica das demissões sem justa causa que
estávamos discutindo.
>> Hum. Será que isso funcionaria no Brazil, onde o pessoal que
>> realmente precisa destas coisas não tem muita educação? Eu tenho
>> certeza
>> de que um operário estadounidense sabe se cuidar muito melhor do
>> que um
>> brazileiro, nestes termos.
>
> Ao mesmo tempo que eu sou pessimista em relação ao futuro geral do
> Brasil, eu sou otimista com o potencial do povo. Eu acho que enquanto
> o estado assumir que o povo é burro e não sabe se cuidar, o povo vai
> ser burro e não saber se cuidar mesmo.
Eu acho que o Estado tem de assumir que o povo é burro e não sabe
se cuidar.
O que está errado é que, ao invés de tentar cuidar do povo, o
Estado precisa é educar e capacitar o povo para se cuidar.
Esta é a diferença principal para explicar por que o Japão é hoje
uma potência mundial na área de serviços e o Brazil continua
rastejando - ambos os países tinham problemas sérios de endividamento
e sucateamento da máquina estatal nos anos 50, e o nível educacional
da população era muito semelhante - taxas compatíveis de
analfabetismo e desemprego, entre outras similaridades. A diferença é
que o Japão resolveu que a melhor estratégia era OBRIGAR o povo a
ESTUDAR MUITO e se capacitar. Enquanto o Brazil resolveu emprestar
dinheiro e crescer "50 anos em 5". Hoje, a gente já sabe quem se
f***u e quem se deu bem.
> É como uma criança aprendendo a andar de bicicleta. Se você nunca
> tirar aquelas rodinhas, ela nunca vai aprender a andar. E, assim que
> você tirar, é capaz dela levar uns tombos. Mas depois aprende.
Não necessáriamente. Você pode simplesmente desenvolver um trauma
de bicicleta e nunca mais conseguir andar.
Cada caso é um caso, e o caso do Brazil é que a gente não pode
simplesmente "permitir a putaria" - o povo não vai aprender nunca,
vai ser explorado até a medula do osso e não vai melhorar.
É preciso fortalecer a educação, coibir o crime (não com punições
pesadas, mas com certeza de punição), e fazer a população começar a
se desenvolver em ambiente controlado antes de permitir auto-
regulação. Mas não por muito tempo. Isto deveria durar no máximo 25
anos, que é o tempo de preparar uma geração de gente forte, educada e
preparada para tomar conta de si mesma. Depois disso, eu sou a favor
de liberar geral, também.
Putamplexos!
--
Luis Motta Campos (a.k.a. Monsieur Champs) is a software engineer,
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