[Cascavel-pm] para refletir

Luis Campos de Carvalho lechamps em terra.com.br
Sexta Março 12 09:31:33 CST 2004


Nelson C. T. Ferraz wrote:
> Luis Campos de Carvalho wrote:
> 
>> Gostaria de ler, às portas de qualquer empresa de software, em placas
>> de tamanho regulamentado, os nomes dos engenheiros de software 
>> responsáveis pelos sistemas que a empresa produz. Gostaria de precisar
>> de licensa e filiação (renovadas a cada 5 anos) para exercer a profissão.
> 
> Linus Torvalds não tinha licença, diploma ou certificação quando começou 
> a desenvolver o Linux.
> 
> Miguel de Icaza não tinha licença, diploma ou certificação quando 
> começou a desenvolver o Gnome.
> 
> Marcelo Tosatti não tinha licença, diploma ou certificação quando 
> começou a gerenciar o kernel 2.4.
> 
> Alguns dos melhores programadores que eu conheço não têm licença, 
> diploma ou certificação.
> 
> Ainda bem que programação não é uma atividade regulamentada!
> 

   Muito poético, Nélson.

   Vamos pensar em termos de medicina:
   Você tomaria medicamentos receitados por um "médico" sem licensa?
   Você tomaria medicamentos fabricados por um "farmacêutico" sem licensa?

   O que (normalmente) acontece a um médico que receita errado?
   É responsabilizado, pelos seus atos. Raramente volta a clinicar.

   O que (normalmente) acontece a um farmacêutico que erra a receita?
   É responsabilizado por seus atos. Raramente volta a manipular receitas.




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   Agora, vou transportar isso para o campo de TI:

   Você usa sistemas receitados por sysadmins sem licensa?
   Você usa sistemas fabricados por engenheiros de software sem licensa?

   O que (normalmente) acontece a um sysadmin sem licensa que administra 
mal?
   No máximo, é dispensado da empresa e encontra outro lugar para trabalhar.

   O que (normalmente) acontece a um eng. de software que constrói 
sistemas ruins?
   Na melhor das hipóteses, fica milhonário e famoso, vendendo um 
sistema operacional ruim, sem segurança, instável, mal-documentado, 
monousuário, mal arquitetado e que desperdiça de 40 a 50% dos cliclos de 
processador a milhões de pessoas.
   Na pior das hipóteses, é dispensado depois de enrolar durante 3 anos 
para terminar um projeto que deveria levar no máximo 3 mêses e encontra 
outra empresa, onde é avaliado éla quantidade de tempo em que trabalhou 
na empresa anterior, "sempre no mesmo projeto!"...


   EM RESUMO:
   Eu vejo a regulamentação da profissão e a concessão de licensas para 
trabalhar com TI como uma maneira de responsabilizar as pessoas por seus 
atos, computacionalmente falando. Precisamos de licensa para dirigir 
carros, por que carros podem matar. Mas não precisamos licensa para 
programar computadores, apenas por que estes não matam?

   Este artigo é uma fantasia sobre um caso perfeitamente plausível na 
vida real, usado para estudos de ética na "West Chester University of 
PA", pelo professor Richard G. Epstein [epstein AT golden.wcupa.edu]:

   http://www.cis.unisa.edu.au/~cisspt/PC2002/ASSESSMENT/KillerRobot.html

   Da introdução:

   "O caso do robô assassino consiste de 8 artigos de jornal, uma
    coluna de jornal, duas transcrições de talk-shows de rádio (de
    alta classe) e uma entrevista da revista "Sunday". Este cenário
    tem a intenção de levantar questões sobre ética computacional
    e sobre ética na engenharia de software"

   O artigo exagera, mas tem razão. Se uma pessoa morre por erro médico, 
o médico é responsável. Se um prédio cai, o engenheiro é responsável. 
Mas o que acontece aos maus engenheiros e administradores de software, 
quando "a casa cai"?

   Eu traduzirei o artigo a pedidos, se alguém desejar.
   Putamplexos!
-- 
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   Luis Campos de Carvalho is BSc in Comp Science,
   PerlMonk [SiteDocClan], Cascavel-pm Moderator,
   Unix Sys Admin && Certified Oracle DBA
   http://br.geocities.com/monsieur_champs/
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