[Cascavel-pm] [OT] Contratação PJ (Was um monte de coisa off-topic)

Nilson Santos Figueiredo Junior acid06 em gmail.com
Quinta Julho 12 08:52:36 PDT 2007


On 7/12/07, Luiz Gonzaga <lgonzaga em lncc.br> wrote:
> Eu não sou culpado de tudo e me recuso a dividir toda a responsabilidade pelos
> males que enfrentamos no nosso país. Apesar de não dirigir, quando estou em
> um carro peço a pessoa que está dirigindo para respeitar as leis de trânsito
> (muitos amigos me acham um chato por isto). Quando o  meu carro era multado,
> eu pagava as multas. Quando fui parado por policiais pedindo suborno, nunca
> paguei. Não sonego imposto de renda. Em todas as filas que eu entro, entro
> sempre no final e me recuso a "guardar" lugar para quem quer que seja. Ou
> seja, não cometo os pequenos delitos que toda a classe média está acostumada
> a cometer e depois fica com um moralismo simplista dizendo que tudo é culpa
> de Brásilia.

Isso é complicado. Eu concordo que se uma boa parte da população
tivesse uma postura como a sua, certamente o país seria melhor,
independentemente de qualquer coisa.

Porém, acho que existem dois tipos de "pequenas transgressões". O tipo
"todo mundo faz, então não tem nada de errado" e o tipo "essa regra
não faz sentido, portanto não irei respeitá-la".

Eu mal sei passar marcha num carro e, portanto, não tenho carteira de
motorista.

Sou predominantemente pedestre e usuário do sistema coletivo de
transporte. Contudo, acho completamente sem sentido um carro parar em
sinais de transito somente para pedestres (aqueles que não são em
cruzamento com outras vias) quando não há nenhum pedestre
atravessando. De fato, esses sinais nem deveriam ir para vermelho
quando não tivesse ninguém querendo atravessar. Era só colocar aqueles
botões no semáforo e somente quando alguém de fato precisasse de
atravessar a rua o trânsito dos automóveis iria ser interrompido.

Outro exemplo são limites de velocidade esdrúxulos. Não sei se isso é
comum em outras cidades, mas aqui em Belo Horizonte, não existe
*nenhum* lugar dentro da cidade que o limite seja 80km/hora. O máximo
que tem, e isso é algo recente, de uns 3 anos pra cá, é 70km/h.
Existem vias que estão como 60km/h mas claramente poderia 80km/h o
limite, inclusive pelo próprio código de trânsito (eu já comecei a
fazer auto-escola uma vez).

> Uma leitura atenta do parágrafo (eu li duas vezes) acima coloca todos os
> moradores de favela como beneficiários do bolsa-família, ladrões de água e
> energia elétrica, fuziladores, traficantes, sequestradores, incendiários etc.

Eu não entendi assim. Acho que ele quis dizer que as mesmas pessoas
que são consideradas "incapacitadas" pela sociedade acabam sendo as
que irão compor a maior parte do corpo de criminosos do Brasil. Isso
não quer dizer que todo favelado é criminoso, isso quer dizer que boa
parte dos criminosos são favelados. Mas como até ele se retratou em
uma mensagem posterior, então não sei.

> Falo pelas favelas do Rio de Janeiro, pois conheço de perto algumas. Existe
> sim, pessoas que roubam água e energia elétrica. Mas não são a maioria.

Olha, eu não sei dizer de favelas, mas, por experiência própria, aqui
na região metropolitana de Belo Horizonte, nos bairros de periferia de
classe baixa, é raro encontrar alguém que pague o IPTU e *muitas*
pessoas fazem gato de energia (ou alguma outra cincunvenção para pagar
uma conta menor) em alguns lugares eu apostaria que pelo menos 50% das
residências fazem isso.

Eu realmente nunca presenciei a situação em uma favela, mas pelo que
eu leio nas notícias, me parece que o nível de não-pagamento é
bastante alto por aqui. Coisa de pelo menos 90% em determinados
lugares. Mas isso eu nunca vi com meus próprios olhos.

> Em tempo, aqui no Rio de Janeiro, a CEDAE que é a empresa que fornece água e
> deveria tratar todo o esgoto gerado, há uns três meses tem feito uma operação
> para acabar com o desvio de água. Sabe quem são os maiores fraudadores?
> Condôminios de classe média da Barra da Tijuca, grandes churrascarias, hóteis
> caríssimo da Zona Sul. Se existem traficantes é por que existem consumidores.
> Já disse um bom e honesto delegado no Rio de Janeiro: "Ipanema se veste de
> branco e pede paz durante o dia e cheira todo o pó a noite".

Isso é um erro, na minha opinião. A culpa do tráfico não é dos
usuários. Eles querem o produto, independentemente dos meios. Acredito
que boa parte dos usuários ficaria muito satisfeita se o uso fosse
legalizado e ele pudesse ir na loja e comprar legalmente esses
produtos (inclusive pagando impostos sobre isso).

Nas páginas amarelas da Veja dessa tem uma entrevista com o Sérgio
Cabral em que ele comenta brevemente sobre isso. Na verdade, a
entrevista é muito boa e se ele realmente governa de acordo com o que
disse por lá, o estado do Rio está no caminho correto.

-Nilson Santos F. Jr.


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