[Cascavel-pm] [OT] No meu tempo...

Nilson Santos Figueiredo Junior acid06 em gmail.com
Terça Julho 10 15:46:55 PDT 2007


On 7/10/07, Luis Motta Campos <luismottacampos em yahoo.co.uk> wrote:
>    O que você chama de um "bom salário"? Eu não conseguia comprar casa no
> Brazil, e olha que eu não me considerava mal-pago, no tempo que eu
> trabalhava no Brazil.

Um bom salários pros padrões brasileiros, como retifiquei em alguma
mensagem por aí.

>    Também não conseguia fazer muitas viagens. Não dava nem mesmo para
> passear dentro do Brazil: se a gente pensa em pegar um avião, para
> qualquer lugar que seja, lá se vai o dinheiro todo das férias.

Bom, não sei exatamente há quanto tempo você saiu do Brasil, mas pelo
menos de 1 ano pra cá (antes disso não tinha olhado muita coisa sobre
viagens) o mais barato de uma viagem é a passagem de avião. A
hospedage é algumas vezes mais cara que a passagem. Uma passagem de
avião BH<->SP é pouca coisa mais cara que uma de ônibus (a desvantagem
é o risco da espera nos aeroportos, dada a crise aérea).

>    Fora isso, você está novamente olhando para o seu umbigo: a TI ser
> bem-paga (que para os padrões nacionais, quer não) não interessa. Somos
> menos de 10% dos trabalhadores nacionais. O povo na rua passa fome, ou
> come mal. Não estou falando de férias ou viagens. Estou falando de ter
> de comprar carne de segunda e viver de frango (por que não dá para
> comprar muito mais que isso com salário mínimo).
>
>    Estas pessoas (digo, o resto do Brazil) não te interessa em nada?

Os desempregados seriam os maiores beneficiários de um Brasil com
menos restrições trabalhistas uma vez que o crescimento da economia
iria gerar mais empregos que qualquer outra medida paliativa. Todo o
resto do país poderia desfrutar dos benefícios de uma economia mais
saudável e baseada em valores meritocráticos que enfatizam o
aprimoramento constante das pessoas (e não méritos "one-shot" como um
concurso público, por exemplo).

>    "Parece" foi ótima. A pesquisa, o desenvolvimento sustentado, a
> pujança econômica, a seriedade política e muitas outras coisas
> relacionadas com desenvolver o país a longo prazo são deixadas de lado,
> simplesmente por que elas não ajudam a ganhar as próximas eleições.

De fato. E é raro ver um político que se *proponha* a tomar as
atitudes corretas. Quanto mais um que realmente tome essas atitudes.

>    É exatamente por que as pessoas pensam olhando apenas para o próprio
> umbigo (como você tem feito regularmente durante esta conversa, me
> desculpe a sinceridade) é que o Brazil não vai para frente. Todo mundo
> está preocupado em apenas garantir o seu.

Eu acredito que não vou conseguir te convencer disso, mas acredito que
as idéias que tenho defendido contribuiriam para um país melhor como
um todo, não simplesmente para a minha realidade. Se quisesse, poderia
fazer analogias com as idéias razoavelmente respeitadas do Friedrich
von Hayek sobre o assunto (a busca do bem estar individual leva ao
bem-estar coletivo).

>    Existem, a meu ver, três possibilidades para explicar que a gente não
> gere patentes:
>    1) somos muuuuito bonzinhos;
>    2) Somos muuuuuito idiotas;
>    3) Não temos pesquisas que geram patentes, estamos apenas
> "contribuindo" com o trabalho dos gringos (estes, sim, são campeões de
> patentes).
>
>    O que vocês acham que a gente tem feito?

Eu não sei. Eu apostaria na 1 ou 2, ou numa mistura das duas. Acho que
é difícil pra alguém inserido na realidade nacional perceber
claramente o valor de uma patente como é para alguém que está nos
Estados Unidos, por exemplo, onde diariamente existe alguma coisa
absurda envolvendo patentes de software ou patentes em geral.

>    Meu professor de holandês está interessadíssimo na questão
> político-sócio-econômica da CLT, e quer entender mais por que é que no
> Brazil a lei é tão branda (a CLT é branda para os padrões holandeses) e
> ainda assim tem tanta gente desempregada.

Sugira para ele um livro de qualquer economista respeitado sobre o
assunto. Mesmo aqueles que ainda possuem tendências influenciadas pelo
pensamento de esquerda, costumam falar boas coisas sobre o assunto.

>    Mesmo que a gente não fale mais, para mim a discussão vale à pena:
> ela ajuda a gente a crescer (eu também aprendi com as coisas que li
> aqui!), e isso é a parte mais importante: ter consciência sobre como as
> coisas são no nosso país, e desenvolver uma "visão" de como elas
> poderiam ser.

Eu concordo com você.

-Nilson Santos F. Jr.


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