[SP-pm] [OT] verificando CPF e o NOME DA PESSOA
Luis Motta Campos
luismottacampos at yahoo.co.uk
Wed Apr 7 09:56:46 PDT 2010
Solli Honorio wrote:
> Em 6 de abril de 2010 22:44, Luis Motta wrote:
>> Nilson Santos Figueiredo Jr. wrote:
>>> O problema não é do governo e sim das empresas aonde você
>>> trabalhou. Bastaria uma consulta à Receita Federal para descobrir
>>> de quem realmente era o número do CPF.
>> Vai por mim, se fosse simples assim, estas empresas não teriam de
>> gastar tanto tentando cobrar clientes sacanas... não estou dizendo
>> que eles são santos, mas a informação nem é consistente o bastante
>> ou está disponível para todos os casos...
>>
> Bom não sou especialista neste assunto, apenas vítima. E as vezes que
> fui vítima de fraude de CPF isto estava relacionado com a facilidade
> de falsificação de documentos e a conivência do empregado da empresa.
> O mais recente golpe de falsificação de CPF ocorreu com o meu
> cunhado, os caras simplesmente compraram 4 motos CG do mesmo
> comprador no mesmo dia e com o mesmo CPF... porquê suspeitar de uma
> operação ?
Isso se enquadra no problema de múltiplos CPFs. Eu vi casos de gente que
simplesmente perdeu o CPF, se enganou ao preencher o formulário da
Receita e terminou por cometer "fraude", obtendo (ilicitamente, mas com
toda a papelada necessária) outro número de CPF.
Eu acho que é muito fácil cometer fraude, e por isso o pessoal abusa.
Ninguém falsifica se for difícil o bastante para que não valha o custo
de falsificar. Agora, se falsificar é fácil e ninguém liga, é como o
Solli observou nos últimos parágrafos do seu email: vira regra, ao invés
de ser excessão.
> A outra dificuldade está relacionado com as questões jurídicas de
> quem não tem problema em ter o nome 'sujo' na justiça. Você conhece
> muito bem como um processo simples na justiça brasileira pode se
> arrastar por um longo tempo, desde que uma dar partes assim desejar.
> Eu ví uma empresa de 'recuperação de crédito' quase extorquir uma
> amiga da minha mãe, com 'ameças' e explorando a maior riqueza dela, o
> 'nome'. Foi quando entrei no meio da conversa e fiz um acordo, em
> nome dela, simplesmente dizendo: "Olhe é melhor vc fazer um acordo
> agora comigo, pois senão vamos para a justiça e você só verá este
> dinheiro daqui uns 20 anos, e neste meio tempo entro com uma ação
> cautelar e retiro o nome dela do sistema de proteção ao crédito",
> isto foi suficiente para trazer a divida dela a valores reais (e
> "civilizados") aos patamares brasileiros.
Isso é uma das múltiplas indecências que a gente termina sujeito por
causa da falta de confiança nas pessoas. Falta de confiança é expressa
na forma de "risco" para os bancos, que não tem piedade: todo mundo
representa "risco de crédito" até prova em contrário (i.e., pagamento).
> Em Londres eu estou observando uma coisa, é diferente você viver numa
> sociedade onde a relação de confiança é a regra, e não a exceção.
> Existe uma quantidade enorme de auto-atendimento (claro que tem
> outras questões de custo que não quero entrar no detalhe) que está
> muito relacionado com o fato de que a maioria das pessoas não vão ao
> supermercado, por exemplo, com a intenção de fraudar o sistema. Então
> o calote é uma exceção e recebe o tratamento e preocupação de
> exceção. Já no Brasil, infelizmente, o calote é uma regra e por isto
> temos que estar mais preocupado em evitar um comportamento social
> (vide a quantidade de burocracia do governo) do realmente preocupado
> com a parte mais importante do negócio.
Solli, as suas observações são brilhantes e sagazes. :) E também muito
precisas. Mas você ainda vai ver o pessoal tratando das "excessões",
presta atenção. Eles não brincam em serviço.
Putamplexos!
--
Luis Motta Campos is a DBA,
Perl Programmer, foodie and photographer.
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