Re: [Cascavel-pm] Porque o Perl é de certa forma esquecido no Brasil?

Lorn lorn.br em gmail.com
Terça Fevereiro 21 04:59:50 PST 2006


Caramba!
Quanta historia que eu não conhecia sobre Perl :D

On 2/21/06, Breno G. de Oliveira <breno em clavis.com.br> wrote:
>
> Nilson Santos Figueiredo Junior wrote:
> > On 2/20/06, João Gabriel <jamorreu em gmail.com> wrote:
> >
> >>Claro que há esforços para divuga-lo no Brasil, mas a minha curiosidade
> é:
> >>porque ele não é tão popular quanto um Java ou um PHP?
>
> Oi JG, vou tentar responder sua pergunta do meu ponto de vista logo
> abaixo...
>
> >>*Já vi membros aqui la lista falarem que pessoas que não sabiam
> >>programar em Perl divulgaram fatos errados sobre a linguagem... isso é
> >>verdadeiro?
> >
>
> Sim, é verdade. Eu mesmo fiz (e ainda faço) um grande trabalho não tanto
> de evangelização, mas de conscientização dentro da minha universidade.
> Muitos professores foram da escola C/Pascal, e agora com a Internet,
> ficam siderizados com o poder do Java, que ao mesmo tempo em que
> introduz a eles o conceito de OO e interação com o usuário via web,
> possui uma sintaxe tão familiar, com a mesma estrutura que prende o
> programador às regras da linguagem, quanto suas línguas nativas. Dizem
> que chega uma idade em que as pessoas dificilmente aprendem idiomas
> novos, e isso também se aplica a linguagens de programação. Perl dá a
> eles liberdade para fugir da forma, ou melhor, a ater-se a sua própria
> forma com todo o poder que desejar, e isso costuma assustar. Daí vem
> aquela história de que as pessoas temem o que não compreendem, e por
> isso tanta opinião negativa sobre Perl, EMHO.
>
> Eu sou um dos que menos concorda com a idéia de que falta uma grande
> empresa por trás do Perl, mas veja só: um programador acostumado com a
> boa e velha sintaxe de C e Pascal de repente vê uma empresa como a Sun,
> que ele confia há anos, dizendo pra ele: "essa minha linguagem aqui eu
> garanto que é boa, e vai trazer pra vc todas as vantagens da programação
> orientada a objetos aliada a portabilidade e funcionalidades web! E
> mais, é suficientemente parecida com as linguagens que vc já sabe, então
> sua curva de aprendizado será menor (o que não necessariamente é
> verdade, mas é o que eles ouvem). Que tal? Todo mundo já está se
> adaptando. Vcs estão prontos para o futuro?". O mesmo discurso vale para
> um gerente de projetos.
>
> Daí vem um aluno (da universidade) ou estagiário (da empresa) e diz:
> "tem uma linguagem legal que dá pra fazer um monte de coisa! quer ver?"
> e quando o chefe/professor finalmente tem a paciência para ver (quando
> tem), o guri mostra logo todas as coisas legais como oneliners que
> codificam e decodificam em RSA, o "camel code", e talvez até alguns
> golfes ou obfu's. "Legal, mas isso é coisa de doido, não dá pra levar a
> sério!" é o que a maioria pensaria se fosse pego com essa abordagem. A
> primeira impressão é a que fica, e infelizmente EMHO os programadores
> Perl ficam tão entusiasmados com as possibilidades que o Perl te dá que
> acabam mostrando a exceção (golfe, obfu's, etc) e não a regra (programas
> limpos, vantagens da linguagem sobre outras, poder, OO, modularidade,
> CPAN, etc). Por mais ansiosos que fiquemos em mostrar todas as coisas
> legais que a linguagem pode fazer, EMHO isso é coisa para fuçadores e
> não faz propaganda positiva para gerentes de projetos e professores
> universitários, e acaba dando ao Perl a má fama que tem hoje.
> Pelamordedeus, não achem que eu quero acabar com obfu's, golfe ou
> one-liners, muito pelo contrário!!! Eles são boa parte da diversão do
> Perl e da comunidade, e são os melhores exemplos de poder e
> flexibilidade da mesma. Só não são o melhor exemplo para professores
> (preocupados com clareza, estrutura, etc) e gerentes (preocupados com
> escalabilidade e modularidade, etc). EMHO o que falta é uma boa
> propaganda para essas pessoas (pq, como o próprio Dave Cross costuma
> brincar, "Perl não precisa ir atrás de programadores: bons programadores
> cedo ou tarde encontram o Perl" ;)
>
> >
> > PHP é linguagem de baixo custo pra sistemas não complexos. Só o PHP 5
> > que começou a ser uma linguagem decente. Não surpreendentemente, quase
> > nenhum programador de PHP sabe PHP 5.
> >
>
> Complementando, pouca gente sabe, mas PHP começou como um simples
> conjunto de scripts em Perl feitos pelo Lasmus Lerdorf em 1995 para
> rastrear acessos a seu currículo online. Do site
> http://www.php.net/history temos que:
>
> "PHP/FI, which stood for Personal Home Page / Forms Interpreter,
> included some of the basic functionality of PHP as we know it today. It
> had Perl-like variables, automatic interpretation of form variables and
> HTML embedded syntax. The syntax itself was similar to that of Perl,
> albeit much more limited, simple, and somewhat inconsistent."
>
> Mais de uma vez encontrei programadores PHP frustrados com algumas
> limitações da linguagem e, quando os apresentei Perl, eles se sentiram
> em casa. "Parece um PHP turbinado" - Mal sabem eles ;)
>
>
> > Tem um artigo do Paul Graham que traz umas idéias de como uma
> > tecnologia mal compreendida pelo mercado é a ideal para se basear uma
> > startup. No caso dele foi utilizar Lisp para fazer um grande sistema
> > web (que depois foi comprado pelo Yahoo e virou o Yahoo Stores).
> >
>
> À título de curiosidade, o artigo chama-se "beating the averages" e pode
> ser encontrado em:
>
> http://www.paulgraham.com/avg.html
>
>
> Curiosamente, em outro texto (gh.html), o Paul Graham diz o seguinte:
>
> "(statistics about) Java being the most popular language can be
> misleading. What we ought to look at, if we want to know what tools are
> best, is what hackers choose when they can choose freely-- that is, in
> projects of their own. When you ask that question, you find that open
> source operating systems already have a dominant market share, and the
> number one language is probably Perl."
>
>
> Finalmente, falando em start-ups, uma historinha sobre o Yahoo: o David
> Filo (co-fundador do Yahoo) enviou uma mensagem ao Larry Wall pouco
> antes do Yahoo entrar no mercado de ações. Ele disse que o Yahoo nunca
> teria nem começado sem o Perl, e que como uma forma de retribuição ele
> queria saber se o Larry não estaria interessado em comprar algumas ações
> baratinhas do Yahoo antes da oferta pública inicial (IPO). Embora ganhar
> dinheiro nunca tenha sido uma ambição do Larry, ele aceitou o presente e
> comprou algumas ações para sua filha de 14 anos, que foi o suficiente
> para pagar toda a faculdade dela!
>
> Essa e outras histórias em "the joy of Perl":
>
> http://archive.salon.com/21st/feature/1998/10/cov_13feature.html
>
>
> []s
>
> breno
>
>
> _______________________________________________
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> http://mail.pm.org/mailman/listinfo/cascavel-pm
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