[SP-pm] [OT] Evento FISL - LONGO

Vitor Serra Mori vsmori em uol.com.br
Segunda Abril 21 13:31:17 PDT 2008


Thais, Solli,
 
Parabéns a vocês pelas observações inteligentes em torno de um assunto
extremamente denso.
 
Vou aproveitar e colocar um pouco do que aprendi, observando o mundo perl
como vocês.
 
A raiz do problema : uma linguagem de programação serve para um ser, vulgo
programador, fazer algo. Esta é a essência.
 
E talvez o crescimento do perl seja diretamente proporcional a sua
capacidade de se encaixar nestes "algos".
 
Descrevo minha opinião em dois pontos :
 
#1 - Espectro
Perl dá uma abertura de se fazer o imaginável, e por esta razão ela é mais
dificil ... porque exige criatividade.
 
É diferente de se ter uma IDE, que você pode dar um "new Webservice" e sair
fazer um webmethod, que em 20 minutos você já o terá publicado e disponível
para alguem testá-lo.
 
No caso do perl, o caminho seria .... entrar no cpan, buscar módulos,
escolher entre o melhor módulo, se não existir, criar um novo ... talvez
entender um pouco mais de SOAP, XML-RPC.
 
É ai onde entra o ponto exposto pela Camila .... o ideal seria que todos
soubessem o que é o SOAP e XML-RPC ... mas a essência talvez seja a pessoa
fazer o primeiro, para se motivar e entender mais do assunto. É uma visão
experimentalista ..... 
 
#2 - Foco 
 
No texto do solli perl se destaca por ... "parse de documentos, regex e
outras coisas". 
 
O destaque do perl acaba sendo em universos que não estão crescendo .....
regex, qualquer linguagem hoje já tem ... parse de documentos também.

E nos que estão crescendo, não está emplacando como os outros ...... pois os
outros estão sendo mais eficientes na experimentação ... nos
"pré-requisitos" para iniciar .
 
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--
 
Eu pessoalmente tenho uma frustação pessoal e financeira muito grande com
perl. Fiz um framework enorme de aplicação cliente usando perl, e hoje,
estou concluindo a migração para C#.
 
Infelizmente acreditei que encontrar mão de obra perl seria possível....
pelo menos pessoas que tivessem interesse em aprender ... eu ensinaria com o
maior entusiasmo .. mas infelizmente a sobrevivência do negócio é mais
importante do que uma paixão por uma linguagem.
 
Grande abraço a todos :
 
Vitor
 
 
 
 
 
 


  _____  

From: saopaulo-pm-bounces+vsmori=uol.com.br em pm.org
[mailto:saopaulo-pm-bounces+vsmori=uol.com.br em pm.org] On Behalf Of Thais
Camilo
Sent: Sunday, April 20, 2008 8:46 PM
To: saopaulo-pm em mail.pm.org
Subject: Re: [SP-pm] [OT] Evento FISL - LONGO


Oi Solli, bem legal você mandar o e-mail com o assunto que está bem
fresquinho. 

Vou tentar descrever aqui na lista o que eu te disse pessoalmente. 

É muito complicado e difícil comparar aspectos sociais das linguagens de
programação. A eficiência de uma linguagem não é necessariamente
proporcional ao tamanho da comunidade, quem dirá o entusiasmo dela. 

No Brasil, Perl sempre foi - leia desde 99 pelo que me recordo - uma
linguagem do submundo, assim como C. Ninguém critica sua capacidade
computacional, e sim a sua "complexidade", muitas pessoas acham que podem
usar outras linguagens mais "fáceis" como PHP e talvez até Phyton (pq está
na moda). Eu acho ainda que somos nós, programadores perl, os principais
responsáveis por isso. 

Programar Perl sempre foi orgulho para um programador e isso sempre foi
muito explícito. Por conhecer a flexibilidade da linguagem nos tornamos
pessoas arrogantes e mal educadas excluindo aqueles que não são como nós. 

Já presenciei aqui na lista e em outros vários lugares atitudes nada
receptivas dos programadores Perl com novatos da linguagem. 

O grande erro dos programadores (em geral) é pensar que as pessoas devem ser
como elas:
- pq eles sofreram, todos têm que sofrer;
- pq eles aprenderam sozinhos, todos têm que aprender.

Como uma professora minha de "Design de interação" dizia: se  o usuário erra
ao usar o seu sistema, quem errou foi você por fazê-lo de forma incorreta".
A maioria dos programadores são egocêntricos e se acham o centro do
universo, eles são bons e podem falar com as pessoas como bem entendem. 

Nos esquecemos de ver no espelho além da imagem de um "super nerd", uma
pessoa que muitas vezes possui um grande problema social justamente por ser
muito FRACO na arte de se relacionar. 

Existem diversas áreas de inteligência e ser um ótimo programador, auto
didáta e conhecer de metodologias, padrões e linguagens não faz de nós
melhor do que as pessoas que possuem mais dificuldade no aprendizado. 

Aí me falam "existem coisas básicas que um programador deve saber", eu até
concordo mas todo aluno do segundo grau deveria entender trigonometria e
isso não é o que acontece.

Ainda citando aquela minha professora, outra vez ela disse que "a forma de
aprendizado de um indivíduo está diretamente relacionada à bagagem cultural
que essa pessoa possui". Aí eu pergunto: "Como podemos ser tão exigentes com
as pessoas que querem aprender coisas que nós já sabemos se neste país a
maioria das pessoas sequer sabe fazer uma multiplicação, nunca foi ao
teatro, leu um livro ou foi ao cinema?".

Antes de mais nada devemos aprender a ajudar as pessoas ou pelo menos não
atrapalhar. Isso serve para qualquer programador. 

Falando da lista de Perl, acho que aprender a lidar com pessoas, dar a
chance da pessoa provar que é capaz antes de atirar a primeira pedra já pode
renovar bastante a comunidade, fazer aparecer os talentos e cumprir a tarefa
que qualquer lista se presta à fazer: ajudar as pessoas e uní-las pelos
interesses comum. 

Depois disso as diversas pessoas que não mandam mensagem para a lista, seja
com dúvida ou soluções, poderão participar, se sentir parte e ter orgulho e
vontade de palestrar para falar de parte do nosso orgulho: perl. 

Abraços e desculpem-me por não sair para beber um dia sequer.
[]'s



2008/4/19 Solli Honorio <shonorio em gmail.com>:


Ola pessoal, depois de perder dois backups sobre a minha proposta de backup
e aos cacos (ou só a capa da gaita, como dizem por aqui) por dormir de
madrugada e acordar bem cedo segue o meu relato sobre o evento.

Antes de mais nada o FISL estava lotado, boa parte das palestras no qual eu
estive estavam lotadas, e o nível das palestras se mantiveram na média dos
demais anos. É possível observar apresentadores com bons conhecimentos, mas
com dificuldade de expressar estes conhecimentos o quê diminui
consideravelmente a extração de alguma informação útil.

Mas teve coisas que me chamou bastante atenção, e que me fez pensar sobre o
nosso futuro, sendo elas :

* Representatividade
Nem Java, nem PHP, o que ví aqui foi uma explosão de Python e Ruby. As
palestra de "Ruby on the Rail" tinham gente "saindo pelo ladrão". PHP com o
público cativo e volumoso. Teve hora que eu até pensei estar no 'PyCon',
tamanho a quantidade de palestras de Python, direta ou inderetamente.

Isto se deve a dois fatores, eu acredito. Primeiro é que estas comunidades
estão bastante animadas e participativas, e a outra é que eles conseguiram
emplacar muitas apresentações de soluções, que por acaso utilizam estas
linguagem.

Conversei com algumas pessoas, e tive a informação que APENAS 5 pessoas
postaram proposta na trilha de Perl. Fui uma delas, e tive a alegria de ter
a minha proposta de desenvolvimento em Perl aprovada e a tristeza de logo
depois tê-la cancelada, isto porquê eu já estava palestrante em sysadmin.
Mas isto mostrou, para mim pelo menos, que o problema do Perl não está em
algum 'preconceito' com a linguagem, e sim na pouca participação da
comunidade.

* Divulgação pela solução aplicada e prática
Ruby e Python usaram a estratégia de mostar soluções/produtos práticos, e
NÃO a linguagem em sí. Percebí que precisamos repensar a nossa estratégia de
'marketing'. Todo mundo sabe que Perl é a ferrari para parse de documentos,
regex e outras coisas, então falar sobre isto já é chato e pouco
"envolvente".

* Empolgação, renovação e jovialidade
Ví a comunidade ruby e python bem empolgada e participativa, e até
contagiante (na minha opnião). Ví a renovação, principalmente no python. Ví
garotos e garotas, que ví sendo introduzido ao python no fisl 6/7 e neste
fisl ministrando palestras de alto nível e para auditório lotado.... aí eu
pensei "O quê está ao meu alcance para NÃO ficar como os programadores Cobol
?"

* Perl não morreu
Apesar de nem o Randal falar de Perl, as palestras que tinham perl como
linguagem base estavam com bom público. Com o YAPC a aceitação foi média e
eu realmente credito isto a uma problema que o Lorn já me chamou a atenção e
consegui observar aqui na plenitude. Ninguém sabe e nem tem idéia do que é
YAPC::*, então isto não chama a atenção, ou pior, fica realmente com a cara
do perl, ilegível aos olhos dos pobres mortais.

__FIM__


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