[SP-pm] [OT] Pesquisa revela quanto ganha o freelancer de tecnologia no mundo

Luis Motta Campos luismottacampos em yahoo.co.uk
Quarta Fevereiro 27 07:04:25 PST 2008


Eden Cardim wrote:
> 2008/2/26 Luis Motta Campos <luismottacampos em yahoo.co.uk>:
>> Bom, se a gente pensar em qualificação, talvez não valha tanto 
>> assim ;) Os brasileiros são os menos qualificados e preparados de 
>> todos.
>> 
>> Mas isso é outro problema. Ou não?
> 
> Não acho que seja outro problema, se você pensar em termos 
> produtivos.

Ah! Tenho "peixe no anzol". ;)

> Contratar um profissional, de qualquer área que seja, é um 
> investimento e espera-se retorno financeiro da contratação. Se um 
> profissional é barato mas demora para agregar valor ao 
> produto/serviço, o lucro em cima do investimento também demora para 
> acontecer.

Depende de outros fatores. Se você pensar que o produto da empresa são
160 horas por mês de uma pessoa que eles mal conhecem, então a tua regra
começa a soar estranha.

É tipico ver "consultorias" (a.k.a. "Empresas de Body-Shopping") que
fazem isso: "vende-se" um "recurso" (i.e., 160 horas / mês do tempo de
alguém) como se isso fosse um "serviço", e ganha-se muito dinheiro, quer
o "recurso" seja competente para o trabalho ou não.

Do ponto de vista do negócio do cliente, você gastou dinheiro e agregou
muito pouco ou nenhum valor ao teu produto, mas, do ponto de vista da
"consultoria", o "produto" é extremamente lucrativo.

É o Capitalismo Definitivo: empresas explorando empresas.

-------

Numa outra reflexão interessante sobre o mesmo tema, você pode tentar
entender a questão da mentalidade: para um empreendedor empírico, que
não sabe do produto e não tem idéias claras sobre como mensurar valor
agregado de cada funcionário, a composição do preço é simplesmente uma
conta de divisão.

Claro, a gente vê montes de empresas que vão sempre mal das pernas por
que não conseguem enxergar que competitividade é fator determinante na
contratação, e não o desejo de aceitar um salário baixo.

Eu acredito que um profissional competente na área de TI deveria ganhar
entre 1,5% e 2,5% do valor que ele consegue agregar ao projeto. Agora,
vai tentar explicar isso para o dono da empresa.

> O Nelson em outro post mostrou o artigo sobre contratação de bons 
> profissionais e o Fred Brooks também já falou a respeito: ter uma 
> equipe menor de bons profissionais é mais produtivo e mais barato, 
> porque o bom profissional produz, em média, 10 vezes mais do que um 
> profissional ruim e isso compensa a razão de 1/7 entre a renda do 
> profissional estrangeiro e o nacional. Tem outros fatores que afetam 
> essa razão, é claro, como a taxa de câmbio e o custo de vida.

Eu concordo totalmente com esta visão, mas observo: o empresário
brasileiro ainda tem mentalidade "extrativista". Eles acham que se não
achatar os salários e não "explorar" o profissional, a empresa não dá lucro.

Bom, esta é a impressão que eu tive dos 10 anos que eu trabalhei no
Brasil. Posso estar completamente enganado, e certamente tenho uma
amostra muito viciada. :) Tirem vossas próprias conclusões, e comentem
as minhas impressões, por favor.

Putamplexos!
-- 
Luis Motta Campos (a.k.a. Monsieur Champs) is a software engineer,
Perl fanatic evangelist, and amateur {cook, photographer}



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