[Cascavel-pm] para refletir

Luis Campos de Carvalho lechamps em terra.com.br
Sexta Março 12 13:17:25 CST 2004


marco.f.lima em vivo.com.br wrote:
> Acho que não fiz me entender !
> 
> 1 - Não acho que QI seja uma coisa ruim. Lembro que um profissional pode
> ser indicado por qualquer pessoa que conhece o ser trabalho.

   Ooops!! Acho que *eu* é que não me expressei bem!! Desculpe!!
   Quando eu digo "QI", estou me referindo ao tipo pejorativo. De outra 
forma, eu diria "referências".

   Ter boas referências é sinal da sua competência.
   Ter QI é sinal de que você tem padrinho (um protetor que te coloca em 
boas posições mesmo sabendo das suas más qualificações).

> 2 - Quanto a participar de processos seletivos, estava me referindo a
> sobrinho do Diretor que não vai ter acesso ao tipo de tecnologia que
> trabalho (ex. Equipamentos de Telecomunicações), por isso ele não será
> indicado para esta vaga. E também temos a questão das empresas de grande
> porte, onde os diretores não têm tanta influência assim para colocar um
> sobrinho, o máximo que vai conseguir e colocar ele para tirar xerox ou a
> sobrinha gostosa com secretária.

   Mago, eu o respeito muito e não quero começar um flame-war. Por favor 
não leve a mal o que eu vou dizer, mas você não acha que está sendo um 
pouco egoísta demais, por conta da sua "posição privilegiada", como 
detentor de know-how de acesso restrito?

   Quero dizer, ao invés de se manifestar contra a atitude depreciativa 
do diretor, que coloca o próprio "sobrinho" em um cargo que é 
considerado "bem-remunerado" e "serviço fácil", você se esquiva, dizendo 
estar imune a isso, já que o acesso à tecnologia onde você atua é restrito.

   Desculpe, mas eu acredito (e posso estar errado!) que é contra este 
tipo de atitude queo Antônio Marcelo Ferreira da Fonseca escreve no 
artigo que deu início a esta discussão...

>>   Lamento, mas eu discordo. Não conheço nenhum caso de sucesso que
>>cresceu sob as asas de um bom QI[1]. Normalmente, a natureza humana fala
>>mais alto, e o sujeito se acomoda, fica folgado e incompetente.
>>Rapidamente, obsoleto, desenformado e "intocável".
> 
> Você deve procurar se informar mais sobre isso, não estamos falando de
> vagabundos, porque isso vc vai encontrar em qualquer lugar o maior exemplo
> disso são os funcionários públicos concursados.

   Uh? Eu não entendi, desculpe.
   Pode ser apenas fantasia minha, mas eu acho que os funcionários 
públicos concursados são os trabalhadores mais acomodados do Brasil... 
claro, toda regra tem excessões...

> Eu posso lhe garantir que quando tinha 14 anos eu desenvolvi um sistema que
> controlava a emissão de passagens aéreas para cervejaria Brahma e
> funcionava perfeitamente até a criação da Ambev, quando os sistemas foram
> alterados. Estou falando que quase 15 anos em produção.

   Novamente eu peço desculpas pelo mal-entendido. Do meu ponto de 
vista, isso são "referências", não "QI". O pessoal viu seu sistema, 
gostou e "comprou" a idéia. Até onde entendi, não houve imposição, e seu 
sistema era exatamente (ou muito perto disso) o que a Brahma precisava 
para controlar a emissão de passagens.

>>Como evitar este "efeito QI", sabendo que o seu
>>(?:parente|amigo|mecenas) vai proteger você quando acontecer alguma
>>coisa ruim?
> 
> Você pode me dizer como fazer se sua esposa trabalha com você !? quem vai
> pedir demissão ?

   Isso eu não entendi. Vejo duas possibilidades:

   1. Você e sua esposa são sócios.
   Se isso é verdade, você não a convidou apenas por que precisava de um 
sócio. Ela deve ter, no mínimo, seu respeito e admiração. Ou não seria 
(sequer) sua esposa. Desta forma, não existe o que eu chamo 
pejorativamente de "QI". Existe, sim, e sob várias formas, "referências".

   2. Um dos cônjujes protege o outro, usando para isso sua posição, 
influência ou poder. Ou uma combinação disso tudo.
   Neste caso, raras excessões, é melhor que o protegido se afaste e 
procure outra atividade. Será mais satisfatório para ambos. O protetor 
terá aliviada a sua carga de estresse quando não precisar mais proteger 
profissionalmente o outro, e o protegido poderá desenvolver plenamente 
suas competências e dar o melhor de si, longe da proteção do parceiro. 
Desta forma, temos desenvolvimento profissional mais sadio para todos. 
Um legítimo "ganha-ganha".

> Bem pode até não ser uma lição de vida, mas sim a história da minha vida.
> Na maioria dos meus projetos, eu sou chamado por conhecerem o meu trabalho
> e se o "filho do diretor" tivesse capacidade de desenvolver o projeto, eu
> ia achar muito legal, não seria por causa disso que ficaria sem trabalho.

   Nisto, sou obrigado a concordar com você. Não ficaremos sem trabalho 
por causa dos sobrinhos dos diretores.

   Acho importante confessar um viés de minha parte nesta discussão: Eu 
estou um pouco revoltado com o que estou passando na minha empresa. 
Estou reecrevendo às pressas boa parte de um projeto que foi 
desenvolvido pelo diretor da empresa, mas que não admite manutenções, 
por muitas "escolhas" de projeto feitas antes de eu assumir.

   Como a qualificação do diretor não tem nada a ver com a área de 
computação, eu passo raiva, pensando que se ele tivesse mais base muitas 
das coisas que eu tenho de passar horas refazendo poderiam perfeitamente 
estar em ordem e eu poderia me concentrar no que é preciso fazer agora, 
e atender o cliente o mais depressa e sem estresse possível.

> 
> Como você olha o trabalho de um médico ? como você olha o trabalho de um
> dentista ? ou um advogado ? Vc pode perguntar para as pessoas que compraram
> um apartamento em um tal edifício da Barra da Tijuca - RJ, e hoje estão sem
> casa  porque o tal edifício CAIU !!! Acho que você se engana quando acha
> que não dá para comprar os trabalhos em nossa área ! eu lhe digo que dá ! e
> que existe até ferramentas para a medição disso ! e lembro que o tempo é
> relativo !

   Antes de qualquer outra coisa, eu me referi ao tempo como uma forma 
velada de dizer que o engenheiro de software menos qualificado estaria 
"enrolando" para terminar o trablaho.

   Quanto a como comparar os trabalhos, eu nunca vi isto acontecer 
exceto sob os critérios de custo e prazo requisitado para o projeto. 
Quer dizer, eu sempre encontrei pessoas que ficavam com o "médico" que 
pedia mais barato para fazer a cirurgia e prometia (e quase nunca 
realizava) o trabalho no menor tempo admissível.

   Mas eu tenho pouca (ou nenhuma) experiência com isso, e posso 
perfeitaente estar enxergando mal as coisas...

> Porque excluir os "filhos de diretor", isso tá cheirando a discriminação e
> preconceito (Cuidado isso é Crime !), só porque o pai é um diretor o filho
> não pode ser um bom profissional. Gostaria de acrescentar que segundo a
> proposta que me parece estar no senado a muitos anos, para criação do
> CONIN, se o "filho do diretor" já trabalha a 5 anos com isso, ele também
> tem direito a um registro.

   Acho que isto, novamente, é fruto da forma (ruim) como eu descrevi 
"QI" da primeira vez. Não tenho qualquer preconceito contra os sobrinhos 
de diretor, desde que eles conquistem (como qualquer outro mortal) seu 
lugar ao sol.

   Mas não gosto dos incompetentes que sobem aos cargos mais elevados do 
departamento de TI *apenas* por ser "filho de fulano" ou "sobrinho de 
ciclano", e que passam o dia inteiro tentando responder para três 
pessoas diferentes um e-mail com uma piadinha que ele recebeu no dia 
anterior... e que acabam, mais cedo ou mais tarde, contratando 
"profissionais mais baratos" (leia-se: oportunistas desqualificados) 
para se responsabilizarem pelos sistemas de missão critica da empresa, 
erro que poderia ser evitado se o "sobrinho do diretor" tivesse 
qualificação apropriada ou experiência profissional equivalente.

   Sem ressentimentos, putamplexos!
-- 
=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=
   Luis Campos de Carvalho is BSc in Comp Science,
   PerlMonk [SiteDocClan], Cascavel-pm Moderator,
   Unix Sys Admin && Certified Oracle DBA
   http://br.geocities.com/monsieur_champs/
=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=




Mais detalhes sobre a lista de discussão Cascavel-pm