[Cascavel-pm] para refletir

Alceu R. de Freitas Jr. glasswalk3r em yahoo.com.br
Sexta Março 12 09:46:29 CST 2004


Bem, eu li todas as respostas de vocês até então... e
achei todas interessantes.

Mas talvez tenhamos fugido um pouco do tema proposto,
ou talvez minha interpretação do artigo tenha sido um
pouco diferente da de vocês.

Se analisarmos o mercado como um todo, realmente a
coisa está ruim para todas as áreas e profissões. As
empresas, mesmo que não estejam passando por
dificuldades financeiras, a cada ano que passa tentam
cortar mais custos, visto que a meta é sempre ter mais
lucro do que no ano interior (isso é uma questão
filosófica: como algo pode se expandir
indefinidamente?). Isso implica em demitir
funcionários mais capacitados, e portanto mais caros,
e a contratação de gente inexperiente para fazer o
serviço. Ou a demissão de duas ou mais pessoas,
sobrecarregando de atividade a que sobrar.

A crise afeta a todos, isso não há dúvida. Mas algumas
áreas de atuação, principalmente as de base, não são
tão afetadas. O Le Champs deu bons exemplos sobre
médicos, engenheiros, etc.

O interessante nesse papo todo, e na minha opinião o
ponto mais importante do artigo, é a pergunta "Por que
o profissional de informática não é mais tão
valorizado?". Como pode ser possível, estando todos
nós na era da informação, que profissionais que lidam
DIRETAMENTE com informação, serem tão mal valorizados?
Já perceberam como os profissionais de informática tem
um impacto direto em todas as áreas de economia?
Consegue imaginar uma parada de todos profissionais de
informática por um dia em São Paulo?

Claro que oportunidades para gente jovem, como citado
pelo Mago, é muito interessante. Mas isso já deixou de
ser tão saudável, visto que estágio em informática
atualmente significa mão de obra barata e facilmente
dispensável. As empresas, mesmo algumas grandes,
passaram a tirar proveito da crise e garantir um $$$
extra com essa estratégia.

Como pode ser possível? As empresas atualmente vêem a
área de suporte/desenvolvimento como um gasto. Algum
cretino de Harward deve ter afirmado isso algum tempo
atrás, e o restante dos executivos babões foram no
embalo (vai cretino, meça o ROI de NÃO conseguir
trabalhar por ter seu sistema parado). Ninguém para
pra pensar que é o profissional de informática que
mantem uma infinidade de sistemas que torna todo
negócio mais fácil, mais rápido e mais seguro. E, em
decorrencia disso tudo, traz mais lucro para a
empresa. Como mudar essa mentalidade?

A proposta de "certificações" do Le Champs é
interessante como um início, mas dificilmente seria
uma solução definitiva para o caso. Separaríamos o
trigo do joio, mas como as empresas reagiriam a isso?
As empresas hoje preferem o tipo de desenvolvimento
"rápido, barato e que funcione mais ou menos". Eu não
sei vocês, mas já vi barbaridades em projetos de
software que envolvem muita grana.

Todos devem conhecer a Nestlé, correto? Essa mesmo,
aquela multinacional que quiz engolir a Garoto, uma
empresa brasileira, e foi impedida (foi mesmo?) de
realizar a compra por acusão de monopólio.
Pois bem, fica como nota aqui que essa empresa possui
um projeto de ERP global, e esse projeto tem início
aqui no Brasil. Sabe de onde vem os programadores? Da
Índia, simplesmente porque são baratos e fáceis de
arrumar, já que as leis trabalhistas de lá são piores
que as daqui. Até aí o projeto é global mesmo, e daí?
Daí que isso mostra a mentalidade que as empresas
grandes continuam a enxergamos como mero "recurso".
Tal como um lápis, uma borracha...

Eu tenho pensando muito sobre esses aspectos atuais da
área de informática. Afinal faço parte do bolo. 

Ainda comentando o email do Nelson, os exemplos são
bons no que se refere a personalidades da informática.
Nada substitui o talento (essa frase é emprestada).
Mas estamos falando de quantos programadores
excepcionais e de renome em relação aos milhares de
programadores por aí? Será que eles são tão
respeitados quanto um corredor de fórmula 1? Um
cirurgião plástico como o Pitangui? Um jogador de
futebol? Talvez sim, acho que mais ainda. Mas o
mercado de trabalho não os valoriza tanto quanto. E
essa, eu acho, é a questão aqui.

[]´s
Alceu

 --- "Nelson C. T. Ferraz" <nferraz em phperl.com>
escreveu: > Luis Campos de Carvalho wrote:
> > Gostaria de ler, às portas de qualquer empresa de
> software, em placas
> > de tamanho regulamentado, os nomes dos engenheiros
> de software 
> > responsáveis pelos sistemas que a empresa produz.
> Gostaria de precisar
> > de licensa e filiação (renovadas a cada 5 anos)
> para exercer a profissão.
> 
> Linus Torvalds não tinha licença, diploma ou
> certificação quando começou 
> a desenvolver o Linux.
> 
> Miguel de Icaza não tinha licença, diploma ou
> certificação quando 
> começou a desenvolver o Gnome.
> 
> Marcelo Tosatti não tinha licença, diploma ou
> certificação quando 
> começou a gerenciar o kernel 2.4.
> 
> Alguns dos melhores programadores que eu conheço não
> têm licença, 
> diploma ou certificação.
> 
> Ainda bem que programação não é uma atividade
> regulamentada!


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